12.9.10

À deriva






Heitor Dhalia vinha de um projeto que para alguns pareceu pura loucura, estou falando do excelente “O Cheiro do Ralo“. Ele tinha comentado que queria fazer algo totalmente diferente desta vez, e foi assim que chegou-se a um filme mais ‘humano’. “À Deriva” teve boa recepção em Cannes e vem obtendo também a aprovação de quem o assiste. E é mesmo um bom filme que talvez peque apenas por ser um pouquinho arrastado.
Na trama somos apresentados a Filipa (Laura Neiva), uma menina de 14 anos que está crescendo, amadurecendo e descobrindo a sexualidade. Com um “q” de quase ‘paixão Freudiana‘ pelo seu pai (Vincent Cassel) ela acaba descobrindo a infidelidade dele com a sua mãe (Débora Bloch). Eles estão passando férias em Búzios para que seu pai possa terminar de escrever um livro.
A câmera não tem nem um pouquinho só de pudorpara percorrer e acompanhar coladinha o corpo da jovem atriz. Para alguns pode até parecer um pouco chato o ritmo meio lento, mas é um belíssimo drama que apesar de ter toda essa mistura de sentimentos, decepções e descobertas se desenrola muito bem até o seu desfecho.

Fico realmente feliz em ver um filme ‘diferente’ daquela coisa meio besta que seguem a maioria dos projetos do cinema nacional. É de obras como esta que precisamos para crescer e mostrar também ao mundo que sim, podemos apresentar atores e estórias de boa qualidade. “À Deriva” é um filme intimista e cativante, um bom drama que recomendo para os amantes do gênero.

Marcio Melo