12.9.10

Se nada mais der certo






Viver, cada vez mais, parece um privilégio de poucos. A grande maioria anda por aí se virando como pode, ou seja, apenas sobrevivendo. Buscar melhores oportunidades em cidades grandes pode ser uma saída que, na maioria dos casos, se torna uam grande furada. É a busca pelo algo a mais que a vida pode nos dar o fio da meada de Se Nada Mais der Certo, de José Eduardo Belmonte, um retrato cruel e avassalador sobre a classe média brasileira.

A história gira em torno de Léo (Cauã Reymond, em ótima atuação), um jornalista falido que não tem trabalho fixo e mal consegue grana para pagar as contas e comer. Ele divide apartamento com Ângela (Luiza Mariani), uma mãe desleixada que deixa o filho de seis anos aos cuidados da empregada. Por causa das incursões de Ângela pelo submundo das drogas, Léo conhece Marcin (Caroline Abras), um tipo ambíguo e frequentador de “bocas”, que o apresenta a Wilson (João Miguel), prestes a ser um taxista sem táxi, pois não consegue obter o mínimo de dinheiro para não perdê-lo. Os três se unem para realizar um pequeno golpe que acaba sendo bem sucedido e surge uma forte relação de afeto entre eles.

Mas, o que parecia ser apenas um típico jeitinho brasileiro de se dar bem, acaba virando uma série de oportunidades para cometer pequenos e grandes delitos. Quase sem perceber, Léo se envolve numa vida criminosa, com consequências que podem destruir seus sonhos e de todos que o cercam.

Mesmo sem definir a cidade em que a trama se passa, é impossível não identificar São Paulo em cada esquina. O filme consegue captar toda angústia de quem vive numa cidade que te engole, te suga e, muitas vezes, não dá muitas alternativas para se viver dignamente. A cena em que Léo grita em cima de um viaduto para alertar a todos que estão chegando na metrópole que o destino deles é se dar mal naquele lugar, resume tudo. Se Nada Mais der Certo é um filme sobre ser ninguém numa cidade qualquer e o profundo mal estar que isso pode causar, o desespero que cada pessoa tem ao se deparar com a falta de esperança em uma vida melhor.

Janaina Pereira do Universo Animado