Origem:
Brasil
Diretor:
André Pellenz
Roteiro:
Paulo Gustavo, Fil Braz
Com:
Paulo Gustavo, Herson Capri, Ingrid Guimarães, Rodrigo Pandolfo, Mariana
Xavier, Sueli Franco
Para
quem gosta de comédias despretensiosas, aí vai uma boa dica!
Minha mãe é uma peça: o filme é baseado
na peça de mesmo nome, escrita e estrelada por Paulo Gustavo que, aliás,
interpreta também a protagonista da história nas telas do cinema. Isso mesmo,
ele é o ator que encarna D. Hermínia, a mãe (de bobs) da trama.
A
história se passa em Niterói, Rio de Janeiro, e apresenta-nos uma família de
classe média brasileira, com os problemas típicos da nossa sociedade
pós-moderna. Casal separado com filhos adolescentes, pai que refaz a vida com
moça bem mais jovem, interessada sobretudo em seu dinheiro, filha obesa, filho
gay, mãe que finge não saber da escolha do filho, etc. Um cardápio, sem dúvida, cheio de clichês, mas
que pode proporcionar boas gargalhadas e ainda fazer-nos pensar um pouquinho
sobre como temos lidado com os problemas de nossos filhos, de nossos pais ou
com os nossos próprios.
As
mães de filhos adolescentes certamente vão se identificar com muitas das
situações apresentadas, sobretudo com aquela sensação de estar sempre se
doando, sempre fazendo de tudo pelos filhos, sem sentir deles o reconhecimento
que acham que merecem. Reclamam, reclamam, mas não conseguem fazer diferente.
Não conseguem deixar de mimá-los até o último fio de cabelo! E depois,
sentem-se frustradas por tudo que fizeram e, principalmente, pelo que deixaram
de fazer.
Com
um humor escrachado, diálogos compostos por pelo menos um palavrão a cada
frase, cenário e figurino pra lá de cafona e, ainda, músicas super bregas no
repertório, Minha mãe é uma peça: o filme
traz à tona questões sérias de nosso mundo globalizado. Além da obesidade e
homossexualidade, já mencionadas, há ainda a questão do álcool e das drogas, do
dirigir embriagado, dos riscos que correm os jovens nas baladas por aí afora. Sem
falar no problema da situação financeira difícil enfrentada pela classe média
brasileira, ou no do pouco valor dado aos estudos, assunto esse levantado na
sequência da boate.
Enfim, um filme que, apesar de travestido de piada, revela com consciência uma sociedade desequilibrada, que carece de mudanças, mas que ainda prefere “rir para não chorar”. Aliás, bem no começo, a narração que introduz os personagens e o local da trama, apresentando Niterói como a Cidade-Sorriso, já nos oferece uma pista sobre a verve irônica e crítica da história que será apresentada. Tudo isso, sem deixar de presentear-nos com lindos planos de “Niquíti”.
Lilia Lustosa