Origem: Brasil
Diretor: Paulo Thiago
Roteiro: Paulo Thiago
Com: Murilo Rosa, Priscila Fantin, Othon Bastos, Laís Correa
Fraco
enquanto produção cinematográfica, forte enquanto história de vida.
O
filme de Paulo Thiago não é assim uma Brastemp!!!!
Repleto de falas-clichês, planos mil vezes vistos, com atores amadores (e não
amadores) que não convencem, Orquestra dos
Meninos parece ter sido realizado com uma certa preguiça cinematográfica,
estando assim mais para novela das 6 do que para filme de verdade.
No
entanto, a história real em que o filme se baseia é de uma beleza tamanha que justifica
a uma hora e meia ali investida.
Trata-se
da história de Mozart Vieira (Murilo Rosa), músico do agreste pernambucano que,
a partir de um sonho de menino, montou, nos anos 1990, uma orquestra sinfônica com
as crianças carentes de São Caetano. Na ficção, Pernambuco foi substituído por
Sergipe e São Caetano virou São Mariano.
A
ideia, em princípio surreal, de levar a música clássica para a pobreza do
nordeste brasileiro teve como primeira barreira a própria ignorância dos pais dos
músicos, que, na maior parte dos casos, via ali um desperdício de mão de obra e
consequente diminuição de comida no prato. Eram os filhos que, ao invés de
pegarem na enxada, preferiam “desperdiçar” seu tempo com a música, que não
enche barriga de ninguém (!).
Num
segundo momento do filme, as barreiras aumentam ainda mais quando Mozart
resolve buscar apoio político para levar seu sonho adiante: a construção de uma
Fundação capaz de oferecer educação e música à população de São Mariano. Apoiado
por um grupo e desagradando outro, o maestro ganha inimigos poderosos que vão
fazer de tudo para atrapalhar a realização de seu projeto. O clímax acontece
quando ele é acusado de pedofilia e sequestro forjado de um dos músicos da
orquestra, acarretando o fechamento da Fundação.
É
dada a largada para uma batalha que vai confrontar poderes locais,
estaduais, Igreja (na figura de Dom
Helder Câmara), artistas, imprensa e muito mais.
Inteiramente
rodado em Sergipe, ao ar livre (nada de estúdios), com uma bela luz natural, Orquestra dos Meninos é um filme de
narração linear e de fácil compreensão, apesar das longas elipses, por vezes
excessivas, que acabam por não permitir a exploração a fundo de situações que
poderiam ser bem interessantes.
Com
uma história de base fantástica, o filme de Paulo Thiago tinha tudo para ser emocionante
e inesquecível. Mas, infelizmente, não é. Por alguma razão o filme não toca,
não convence. Tudo parece meio falso e exagerado. Os meninos tocando, cantando,
gravando seu primeiro disco... As
figuras do delegado, da oficial de justiça, tão caricatas que mais parecem
saídos de uma paródia ou de um programa de humor... Uma
pena!
Ainda
assim, Orquestra dos Meninos vale a pena por se tratar, acima de tudo, de uma lição de vida que merece ser
divulgada, aprendida e, se possível,
repetida!
Lilia Lustosa