20.2.13

Orquestra dos Meninos (2008)



Origem: Brasil
Diretor: Paulo Thiago
Roteiro: Paulo Thiago
Com: Murilo Rosa, Priscila Fantin, Othon Bastos, Laís Correa

Fraco enquanto produção cinematográfica, forte enquanto história de vida.

O filme de Paulo Thiago não é assim uma Brastemp!!!! Repleto de falas-clichês, planos mil vezes vistos, com atores amadores (e não amadores) que não convencem, Orquestra dos Meninos parece ter sido realizado com uma certa preguiça cinematográfica, estando assim mais para novela das 6 do que para filme de verdade.

No entanto, a história real em que o filme se baseia é de uma beleza tamanha que justifica a uma hora e meia ali investida.

Trata-se da história de Mozart Vieira (Murilo Rosa), músico do agreste pernambucano que, a partir de um sonho de menino, montou, nos anos 1990, uma orquestra sinfônica com as crianças carentes de São Caetano. Na ficção, Pernambuco foi substituído por Sergipe e São Caetano virou São Mariano.

A ideia, em princípio surreal, de levar a música clássica para a pobreza do nordeste brasileiro teve como primeira barreira a própria ignorância dos pais dos músicos, que, na maior parte dos casos, via ali um desperdício de mão de obra e consequente diminuição de comida no prato. Eram os filhos que, ao invés de pegarem na enxada, preferiam “desperdiçar” seu tempo com a música, que não enche barriga de ninguém (!).

Num segundo momento do filme, as barreiras aumentam ainda mais quando Mozart resolve buscar apoio político para levar seu sonho adiante: a construção de uma Fundação capaz de oferecer educação e música à população de São Mariano. Apoiado por um grupo e desagradando outro, o maestro ganha inimigos poderosos que vão fazer de tudo para atrapalhar a realização de seu projeto. O clímax acontece quando ele é acusado de pedofilia e sequestro forjado de um dos músicos da orquestra, acarretando o fechamento da Fundação.

É dada a largada para uma batalha que vai confrontar poderes locais, estaduais,  Igreja (na figura de Dom Helder Câmara), artistas, imprensa e muito mais.

Inteiramente rodado em Sergipe, ao ar livre (nada de estúdios), com uma bela luz natural, Orquestra dos Meninos é um filme de narração linear e de fácil compreensão, apesar das longas elipses, por vezes excessivas, que acabam por não permitir a exploração a fundo de situações que poderiam ser bem interessantes. 

Com uma história de base fantástica, o filme de Paulo Thiago tinha tudo para ser emocionante e inesquecível. Mas, infelizmente, não é. Por alguma razão o filme não toca, não convence. Tudo parece meio falso e exagerado. Os meninos tocando, cantando, gravando seu primeiro disco...  As figuras do delegado, da oficial de justiça, tão caricatas que mais parecem saídos de uma paródia ou de um programa de humor... Uma pena!

Ainda assim, Orquestra dos Meninos vale a pena por se tratar, acima de tudo, de uma lição de vida que merece ser divulgada,  aprendida e, se possível, repetida!

PS. Emocionantes as imagens do final, do maestro Mozart Vieira (na vida real) regendo sua orquestra, assim como as dos principais músicos envolvidos.

Lilia Lustosa