Origem: Brasil
Diretor: Jayme Monjardim
Roteiro: Rita Buzzar
Com: Camila Morgado, Caco Ciocler,
Fernanda Montenegro, Eliane Giardine, Osmar Prado
Um filme tocante, belo, triste e
extremamente sensível!
Inspirado na biografia escrita por
Fernando Morais, o primeiro filme de Jayme Monjardim para o cinema conta a
história de Olga Benário Prestes. Alemã, judia, comunista, rebelde,
revolucionária e sedenta de justiça.
Filha de pais ricos, Olga nunca se
conformou em ser espectadora da história. Seu sonho era o de agir em favor da
justiça, o de colaborar pela construção de um mundo mais igual, com menos fome e pobreza. E
para tanto, ela acreditava que o caminho era o comunismo. Engajou-se no Partido
Comunista ainda bem jovem, saiu de casa e tornou-se uma “companheira”. Aprendeu
a lutar, a se defender, a matar, a tornar-se fria o suficiente para nunca
perder de foco seus objetivos.
Porém, ao ser designada para uma
missão – a de proteger o companheiro Luís Carlos Prestes em seu deslocamento do
exílio na União Soviética ao Brasil – ela acaba por ver sua frieza “amornada”,
chegando a sentir que perdia um pouco seu foco, em função da paixão
arrebatadora pelo líder comunista brasileiro.
E é justamente nessa história de
amor que o filme de Monjardim se atém, apresentando-nos o período em que Olga
Benário e Luís Carlos Prestes se rendem ao sentimento que vai se tornar,
provavelmente, uma de suas grandes fraquezas, servindo inclusive de arma para seus
oponentes. A História (com H maiúsculo) passa aqui a ser apenas pano de fundo
para o romance entre os dois revolucionários.
O filme é escuro, com a
predominância dos tons verde oliva, marrom, sépia, preto, e, muitas vezes, com
uma pitada de vermelho – sem dúvida, um contraponto que fisga imediatamente
nosso olhar. Vermelho do partido comunista, vermelho da suástica nazista, vermelho
de tanto sangue derramado ao longo da História.
Por se tratar de um romance, mais do
que de um filme de História, o trabalho de Monjardim foi bastante criticado
pelos especialistas em cinema na época de seu lançamento, que julgaram o filme
muito “meloso”, mais para telenovela do que para sétima arte.
É verdade que Olga apela principalmente para nossos sentimentos, para nossas
emoções, fazendo-nos torcer mais pelo casal do que pela História. No entanto, isso não impede o filme de ser bonito, tocante
e até mesmo interessante do ponto de vista histórico, já que ele é capaz de
despertar o interesse sobre esse período terrível por que passou nosso País e o mundo.
Sendo, assim, plenamente capaz de levar o público a ir atrás de mais informações sobre esta
grande mulher que foi Olga Benário Prestes.
Conselho básico: preparem o lenço!
Lilia Lustosa